domingo, 27 de fevereiro de 2011

AS TRÊS FRAGRÂNCIAS FEMININAS CONSIDERADAS OBRAS DE ARTE POR CHANDLER BURR, DO "THE NEW YORK TIMES"

Assim como uma mulher se refresca com uma borrifada de água de colônia, o perfume é uma arte que nunca se torna estática.

ANGEL
THIERRI MUGLER
Gênero: Feminino
Angel, por exemplo, revolucionou a estética da perfumaria ao reinventar a escola gourmand.
Thierry Mugler disse aos seus diretores de criação que queria um cheiro que o fizesse lembrar da doçura da juventude - chocolate, mel, pralinés?
Mas o Shalimar já esteve lá antes: levou a escola gourmand para o ano de 1925 com a molécula etil vanilina (que cheira como se houvesse mais de mil milkshakes de baunilha na sua frente), mas foi o perfumista do Angel, Olivier Cresp, que o renovou.
Ele criou um espetáculo sobre a corda bamba baseado no etil maltol, a molécula que dá o cheiro ao algodão doce.
 Para atenuar o odor desses átomos super doces, ele usou a molécula que cheira amêndoa, a cumarina, além de um patchouli natural que corta o doce do mesmo modo que o gelo numa dose de Grand Marnier.
O resultado é brilhante. Angel é tecnicamente extraordinário: estável, difusivo, diferente.
É também incrivelmente discordante.
 Mas a boa arte sempre é. Angel mudou o estado de arte, e, em cada molécula, ele é uma obra de arte.

SWEET  LIME  E CEDAR
 JO MALONE
A primeira fragrância Jo Malone sob o amparo de Estée Lauder foi Blue Agava & Cação, um nome que tem muito a ver com Jo Malone mas que tinha cheiro de uma imitação pálida e fraca de um original suntuoso.
Seu Sweet Lime & Cedar, por outro lado, captura novamente a essência da marca.
A perfumista, Beverley Bayne, criou um odor fascinante que é um padrão virtual do que trouxe tanto sucesso a Jo Malone.
Ele é leve e tem uma aura inglesa, uma membrana fresca que embrulha um âmago escuro - neste caso, uma veste de limão que cerca um miolo de cedro, cada elemento muito distinto um do outro, mas trabalhando em uníssono.
 O brilhantismo de Beverley Bayne foi deixar o cedro ficar levemente queimado e defumado, chamuscando o óleo essencial da casca do limão como se brasas pudessem dar água na boca.
 Jô Malone tem a ver com camadas, e Sweet Lime & Cedar, diferentemente do Angel, é sutil, não impetuoso; é adorável, não é belo. É Jo Malone, renascida.

GREEN
BYREDO PARFUMS
Byredo Parfums é uma nova coleção unissex originária de Estocolmo e que surgiu pelas mãos do jogador de basquete Ben Gorham (para sua informação, todas as fragrâncias sérias são unissex).
O princípio maior de Byredo é a clareza absoluta. Tome Green, um perfume que é ao mesmo tempo abstrato e concreto.
 Como é possível? Bem, para se ter o cheiro de uma cor (o que é impossível), ele precisa ser abstrato.
Mas nos perfumes, as cores são muito específicas.
O verde, por exemplo, representa a primavera, as plantas, o crescimento.
O perfume Green consegue ter êxito nos dois níveis.
 Ele tem o cheiro monocromático tanto quanto os fundos engenhosamente complexos e verdes das pinturas de Lucian Freud.
 Apesar de ser intenso e preciso, traz o hipnótico e quase alucinógeno cheiro da primavera.
E, com ele, o cheiro da renovação.

Tradução: Erika Brandão


fotos: divulgação

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